Milhões de pessoas podem ser poupadas de secas e enchentes até 2050 se houver uma redução das emissões de gases do efeito estufa em 2016 em vez de em 2030, afirmaram cientistas neste domingo. Especialistas britânicos e alemães explicaram que a redução imediata nas emissões poderia retardar alguns impactos por décadas e prevenir outros por completo.
Em 2050, um planeta se encaminhando para um aquecimento de 2ºC a 2,5ºC pode ter em 2100 duas possibilidades muito distintas, dependendo do caminho que se tome para chegar até lá, alertam em seu estudo publicado no jornal Nature Climate Change.
Políticas que reduzam as emissões de carbono em 2016 em 5% por ano podem poupar entre 39 milhões e 68 milhões de pessoas de serem expostas a um maior risco de escassez de água em 2050, segundo Nigel Arnell da Universidade de Reading.
Entretanto, esse é o melhor cenário possível. Por outro lado, se as emissões caírem 5% anualmente a partir de 2030, o número de pessoas que escapariam desse risco seria de 17 milhões a 48 milhões.
No cenário da redução a partir de 2016, de 100 milhões a 161 milhões de pessoas poderiam ser poupadas de inundações. Comparado a isso, no cenário de 2030, o número de pessoas beneficiadas seria de 52 milhões a 120 milhões, indicou Arnell, diretor do Instituto Walker de mudanças climáticas da universidade.
“Basicamente, em 2050, a política de 2030 teria entre metade e dois terços dos benefícios da melhor política (2016)”, embora ambas apontem para uma mudança de temperatura similar, de 2ºC a 2,5º C em 2100. “Você pode atingir o mesmo ponto (de temperatura) no fim do século, mas os danos causados no caminho até esse ponto podem ser muito diferentes”.
Em um cenário sem restrições nas emissões, as temperaturas poderiam aumentar em 4ºC a 5,5ºC, de acordo com a pesquisa, que afirma ser a maior sobre os benefícios de se evitar os impactos das mudanças climáticas.
Com uma média de aquecimento global de 4º C, cerca de 1 bilhão de pessoas poderiam ter menos água em 2100 do que têm hoje, e 330 milhões poderiam ser submetidas a grande risco de enchentes, disse Arnell em um comunicado.
Uma redução em 2016 parece improvável, com as nações buscando adotar um novo pacto global sobre o clima em 2015 para entrar em vigor até cinco anos depois. A última rodada das Nações Unidas de debates sobre o clima em Doha, no Qatar, em dezembro, fracassou na tentativa de impor antes de 2020 cortes nas emissões de países que não haviam assinado o Protocolo de Kyoto, ainda que cientistas tenham alertado que a concentração de carbono na atmosfera continua aumentando.
Três dos quatro maiores poluidores do mundo – China, Estados Unidos e Índia – estão entre os que não se comprometeram a limitar as emissões. Diversos pesquisadores acreditam que a Terra terá um aquecimento muito além dos 2ºC da meta da ONU em níveis pré-industriais.
“Claro que reduzir a emissão de gases estufa não vai impedir por completo os impactos do aquecimento global, mas nossa pesquisa pode dar tempo para a elaboração de prédios, sistemas de transporte e de agricultura melhor adaptados às mudanças climáticas”, disse Arnell. (Fonte: Portal Terra)
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